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Blog cristão por Roberta Cruz

Raabe na Bíblia: O que a arqueologia revela sobre sua verdadeira história

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Raabe: casa na Muralha de Jericó
⏳ Tempo de leitura: 4 minutos

Semana passada, lendo um artigo da Bible History Daily, me deparei com um debate interessante sobre a palavra hebraica usada para descrever Raabe na Bíblia. Traduzida como mulher de reputação duvidosa, ela também pode significar “hospedeira” — e isso mudaria muita coisa.

Essas nuances nos lembram o quanto é importante considerar o contexto histórico-cultural para interpretarmos corretamente a Palavra. Afinal, Raabe vivia em Jericó, uma cidade estratégica e cercada por muralhas — e sua casa ali, sua atitude e sua fé revelam mais do que aparentam à primeira vista.

Neste post, busquei compartilhar um pouco sobre minhas percepções ao ler o artigo. Espero, de verdade, que esse conteúdo possa contribuir para sua caminhada de fé! 🏛💝

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Quem foi Raabe na Bíblia?

A narrativa bíblica nos conta que, antes da conquista de Jericó, Josué enviou dois espias à cidade. Eles se refugiaram na casa de Raabe, que vivia junto à muralha. Ao serem descobertos, Raabe os protegeu, escondendo-os e desviando a atenção dos soldados do rei. Depois, ajudou-os a escapar, descendo-os pela janela com uma corda.

“O muro da cidade era a casa onde ela morava, e foi por uma janela que os ajudou a descer com uma corda.” (Josué 2:15, NVT)

Essa decisão ousada colocou sua vida em risco, mas também foi o início de sua redenção. Em troca de sua ajuda, Raabe pediu proteção para ela e sua família.

“Agora, por favor, jurem pelo Senhor que serão bondosos com minha família, como fui bondosa com vocês. Deem-me um sinal certo de que, quando Jericó for conquistada, vocês pouparão a mim e a minha família.” (Josué 2:12–13, NVT)

Os espias concordaram e fizeram um pacto com ela, exigindo que colocasse um cordão vermelho na janela como sinal de aliança e salvação.

Uma mulher de reputação duvidosa ou uma hospedeira?

O texto hebraico usa o termo zônāh para descrever Raabe, tradicionalmente traduzido como mulher de reputação duvidosa. No entanto, alguns estudiosos sugerem que essa palavra pode ter sido usada de forma mais ampla, incluindo mulheres que mantinham hospedarias ou forneciam alimentos aos viajantes — o que se encaixaria na função de uma hospedeira.

De acordo com um artigo da Biblical Archaeology Society, há evidências de que, no período da Idade do Ferro, casas junto à muralha podiam ser associadas a hospedarias — pontos de passagem para estrangeiros e comerciantes. Isso lança uma nova luz sobre a identidade de Raabe, sem necessariamente anular o peso simbólico de sua história de conversão e arrependimento.

O contexto histórico também mostra que a cidade de Jericó, com suas fortificações impressionantes, era estratégica para o comércio e a defesa. Ter uma casa na muralha indicava não apenas vulnerabilidade, mas também oportunidade de contato com viajantes e estrangeiros — o que combina com a ideia de que Raabe podia ser uma figura comercial e receptiva.

Onde Raabe morava?

Outro ponto curioso do texto é a descrição de sua casa: “na muralha” ou “sobre a muralha”. O hebraico permite as duas leituras. Algumas traduções entendem que a casa era encaixada dentro da espessura da muralha (algo comum na arquitetura de cidades fortificadas), enquanto outras sugerem que ela se projetava para fora da muralha, com uma janela que dava diretamente para o lado externo da cidade.

Essa estrutura explicaria como os espias puderam descer por uma corda, sem chamar atenção, escapando por um ponto pouco vigiado. Descobertas arqueológicas em Jericó, que você pode explorar neste estudo, reforçam essa possibilidade, mostrando evidências de casas anexas às muralhas externas.

Uma mulher entre a fé e a história

Raabe é lembrada no Novo Testamento como exemplo de fé:

“Foi pela fé que Raabe, a prostituta, não morreu com os que haviam desobedecido, pois ela havia acolhido em paz os espiões.” (Hebreus 11:31, NVT)

E também como modelo de ação:

“Raabe, a prostituta, não foi mostrada justa pelas obras quando acolheu os mensageiros e os ajudou a sair por outro caminho?” (Tiago 2:25, NVT)

E no Novo Testamento (grego)? A palavra ainda significa “prostituta”?

Fiquei com isso na cabeça enquanto escrevia. Será que no grego do Novo Testamento, os autores ainda usaram uma palavra que significa literalmente “prostituta”? A resposta é: sim.

Tanto em Hebreus 11:31 quanto em Tiago 2:25, o texto original usa o termo pórnē (πόρνη) — a mesma palavra utilizada no grego bíblico para se referir a mulheres que viviam do comércio sexual. Ou seja, não há margem para ambiguidade aqui. Os autores do Novo Testamento foram intencionais ao manter esse termo, não para expor ou envergonhar Raabe, mas para exaltar ainda mais o poder da fé e da graça que transformam qualquer história.

Vale lembrar que a Septuaginta — a tradução grega do Antigo Testamento — já havia traduzido o termo hebraico zônāh como pórnē, o que mostra que, desde muito cedo, essa era a leitura predominante do texto. Não havia, naquele tempo, o tipo de debate linguístico que temos hoje sobre o possível significado alternativo de “hospedeira”.

E o mais lindo é que Raabe é lembrada como mulher de fé. Deus não esperou que a reputação dela mudasse para incluí-la no plano. Ele a viu com olhos de graça — e a redimiu completamente.

Mesmo com um passado considerado indigno, ela se tornou parte da genealogia de Jesus:

“Salmom gerou Boaz, cuja mãe foi Raabe.” (Mateus 1:5, NVT)

Sua história nos ensina que Deus não escolhe os perfeitos, mas os dispostos. E que a fé, quando acompanhada de ação, pode mudar destinos.

Se quiser ler mais narrativas assim, vale conferir a categoria de arqueologia bíblica do blog.

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Conclusão: quando a graça atravessa muralhas

Independentemente de como traduzimos o termo hebraico — se Raabe era mulher de reputação duvidosa ou hospedeira — a verdade é que sua fidelidade ao Senhor brilhou mais do que qualquer rótulo. Ela ousou crer no Deus de Israel, mesmo cercada por um povo ímpio, e fez d’Ele sua prioridade.

Raabe não foi definida por seu passado, mas pela sua escolha de fé. E essa decisão mudou tudo: ela não apenas sobreviveu à queda de Jericó, mas entrou para a genealogia de Jesus como bisavó do rei Davi. Que honra!

Assim como Raabe, também somos chamados a manter nossa fidelidade ao Senhor mesmo em meio às pressões da vida. Que a história dela nos encoraje a permanecer firmes, ainda que à nossa volta tudo pareça contrário à fé.

Você já viveu algo em que a graça de Deus atravessou as “muralhas” da sua história? Compartilhe comigo pela página de contato. Vou amar saber!

Que Deus abençoe sua vida! 🤎

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“O que está sendo instruído na palavra partilhe todas as coisas boas com aquele que o instrui.”
— Gálatas 6:6 (NVI)

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